Como Livrar-se da Inveja

Gostaria de esclarecer aos nossos leitores acerca desse considerado o mais terrível dos sete pecados capitais, segundo a grande maioria.

Mas o que é inveja?

Inveja ou invídia, palavra originária do latim, é um sentimento de tristeza ou antipatia perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem (pode ser tanto coisas materiais como qualidades pessoais).

A inveja pode ser definida como uma vontade frustrada de possuir os atributos ou qualidades de um outro ser, pois aquele que deseja tais virtudes é incapaz de alcançá-la, seja pela incompetência e limitação física, seja pela intelectual.

Temos verificado que um simples sorriso é capaz de incomodar àquele que tem a tendência para a inveja.
Costumo dizer que a infelicidade do homem está relacionada a três fatores básicos:

  • querer ser o que não se é;
  • querer ter o que não se tem;
  • querer estar onde não se está.
O problema não se resume a estes fatores ao "pé da letra", mas a maneira com que lidamos com estas questões.

Existe de fato a admiração relacionada com o fato de eu ver no outro algo que despertou em mim o desejo de ser eu mesmo. Isto existe e é louvável. Posso hoje encontrar-me fora de mim mesmo, ou seja, vivenciando algo que não corresponda à minha realidade. E, de repente, me vi naquela outra pessoa. Como se ela me mostrasse o caminho...Isto deve ser levado a sério. E a busca por esta realização pode significar algumas mudanças de percurso que, embora envolva algum sacrifício, pode, de fato, trazer um bem estar.

É aquele "insight": Taí, não é que eu gostaria de ser ou fazer o que essa pessoa é ou faz? Me encontrei!

Entretanto, na grande maioria dos casos você "gostaria" de ser o que o outro é ou "gostaria" de fazer o que o outro faz. Quase sempre esta frustração está relacionada ao fato de não estarmos devidamente conectados com o nosso Ser. 

E o problema resulta quando olho para o "outro" ao desejar ser o que não sou...

E quando isto ocorre, estou de fato atentando contra mim mesmo, contra o meu Ser. Estou barateando a mim mesmo. Quando minhas decisões estão baseadas na imagem que tenho do "outro", estou deixando de ser eu mesmo. Então vem a eterna busca de querer ser o "outro". E isto não acaba nunca, pois não somos o "outro". A menos que resolvamos não mais alimentar este "demônio devorador" chamado inveja.

Este sentimento muitas vezes advém de forma sutil e imperceptível. Assim como um vírus se instala num organismo indefeso, a inveja se alimenta de uma alma desconectada com a sua natureza. E como uma doença incurável, ela tem seus sintomas.

Na psicoterapia sabe-se que a inveja é a base de muitos transtornos e distúrbios neuróticos. O invejoso sente, ainda que inconscientemente, o desejo de causar danos ao bem que o outro possui. Seja este bem material ou inanimado. 

Quantas perseguições no trabalho e na vida já não presenciamos! 

Por quê tantas mulheres se perdem ao querer inutilmente comparar-se com outras, quando as características - mesmo as físicas - jamais permitiriam este desatino.

É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja. (Balzac)

A base da inveja está na frustração!

Gravura: "A Inveja" de Sebastián de Covarrúbias - SEC XVI 

Quais os sintomas da inveja?

Como há de fato a baixa auto-estima no invejoso, ele costuma conduzi-la de duas formas: seja buscando enaltecer exageradamente o invejado, a fim de "esconder" ou fugir de sua realidade, seja buscando de alguma forma "diminuir" ou atingir aquele que representa uma ameaça à "minha imagem", pois ele é real - eu não.

A primeira forma de lidar com a inveja costuma "ceder" quando o invejoso dá-se por inalcançável ou incólume "os louros" do invejado, mas tenderá a "mudar" drasticamente o falso estado de admiração por decepção ao menor deslize daquele que é a imagem distorcida do "mim mesmo".

Sim, o ego vai tentar destruir essa imagem fora, no outro, pois não conseguiu isto "dentro de si mesmo". 

Em outra forma do invejoso alimentar esse mal, ele tenderá a emitir conceitos e julgamentos mais ou menos equivocados acerca do invejado. Sentirá uma antipatia gratuita pelo mesmo e, quando oportuno, tentará emitir declarações caluniosas sobre a vítima.

É doentia a busca sutil ou declarada de tentar destruir o invejado.

O ódio declarado baseia-se na inveja. Não ser o outro, não ter o que o outro tem ou não estar aonde está o outro... É frustrante.

Como os "sete pecados", quais serpentes venenosas apontados pela bíblia se alimentam uns dos outros, surge a ira já em forma de ódio cirrótico e impregnado de maldades...

Sempre que em uma roda de conversas alguém tenta atingir alguém fora de sua presença, certamente há que se desconfiar.

Seria desmascarador para a víbora sutil da inveja fazer-se desvendada de seu esconderijo macabro.

O que menos quer o invejoso é ser descoberto ou desmascarado. Seria sua derrota suprema.

A única saída digna para um invejoso - pois é um mal que corrói qualquer morto-vivo sobre a terra é enfrentá-la frente a frente, destronando-a com a devolução do cetro do poder ao real Ser.

Não são as igualdades da humanidade que estão em jogo, mas as diferenças...

Amar o outro como a si mesmo só é possível quando aceito o outro, como aceito a mim mesmo.

Jesus não ensinaria isto, caso não houvessem as diferenças. Não teria o menor sentido.

Mas o divino mestre sabia que o fato do homem estar afastado do "reino de Deus" o levaria inevitavelmente a perder-se do outro. A não mais ver no outro uma parte ampliada de si mesmo. Uma das imagens do Criador...

Edifica o teu mundo interno e encontrarás tesouros em terras alheias que não almejarás, pois elas são uma extensão de seu próprio território.

Tu verás em teu irmão o mesmo Cristo que habita em teu Ser.

E ainda que uma mulher não saiba o valor que possui, nem ao menos saiba honrá-lo, tu o saberás. Jesus soube ao encontrar Maria Magdalena.

E tu não mais julgarás, a fim de preservar-te de tua própria sentença no dia do juízo.

Ama teu próximo, como te Ama o Pai que está nos céus.

Mas ama-te a ti mesmo, antes de tudo, e não serás mais vítima de tuas próprias fraquezas.

Shalom!

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